O início
Desde muito pequena já tinha a resposta para aquela famosa pergunta. – O que você quer ser quando crescer?
Sem hesitar um segundo respondia toda feliz. – Cientista!
Os anos se passaram, fiz o ensino médio técnico em Patologia Clínica, foi ai que me apaixonei de verdade pelo laboratório, principalmente com a Microbiologia. Foi um sentimento de pertencimento, enfim encontrei o que queria fazer e onde ficar.
Entrei no curso de Biologia e me deparei com um universo gigantesco de conhecimento e oportunidades de atuação. Depois segui com a especialização, o mestrado e o doutorado todos voltados para a área clínica.
Estava realmente muito contente trabalhando com pesquisa, mas não sem seus percalços. Trabalhar com pesquisa no Brasil é um privilégio de poucos e manter um projeto vivo com tantos cortes e pouco incentivo é uma batalha sem fim. Nossos pesquisadores merecem nosso devido respeito, mas eu, infelizmente não consegui manter minha linha de pesquisa sem recursos.
A mudança
Precisava me reinventar e aplicar todo o conhecimento e experiências adquiridos, durante esses anos, e procurar uma nova paixão para me dedicar. Como gostava muito de microbiologia e devido a um episódio de DTA (doença transmitida por alimentos) que infelizmente vivenciei. Portanto, comecei a trabalhar com consultoria em gestão de qualidade para serviços de alimentação, atendendo principalmente restaurantes, bares e cafeterias.
Aconselhei e continuo auxiliando os donos e colaboradores de serviços de alimentação na melhoria do controle higiênico-sanitário durante a manipulação dos alimentos, evitando a contaminação e transmissão de doenças ao consumidor.
No convívio diário com os donos e sua equipe, percebi que eles tinham as mesmas dificuldades de seguir uma agenda da qualidade implantada durante a consultoria e em delegar as funções para os colaboradores.
Eu sabia que precisa encontrar uma forma diferente de aplicar as regras dentro do estabelecimento, só montar planilhas e deixar para o dono implementar já não é suficiente. O dono precisa de um contato mais constante, e de algo que não o onere tanto em tempo.
Pensando nisso, decidi criar uma solução que de alguma forma automatizasse esses processos, e então nasceu a idéia que viria a ser a SizeUP. Queria criar um aplicativo para ajudar os estabelecimentos de alimentação na gestão de qualidade, e foi nesse momento que passei a me ver como empreendedora. Comecei a estudar sobre o mundo de Startups e como gerir um negócio sustentável e que resolvesse uma necessidade do mundo real.
Pesquisador X Empreendedor
Durante a minha breve jornada no mundo dos negócios, percebi que meu trabalho como pesquisadora era muito semelhante a de um empreendedor. Por isso, gostaria de compartilhar com vocês algumas das minhas observações de como algumas funções são parecidas.
1. Coordenar um projeto
O empreendedor precisa estabelecer a visão e estratégias da empresa no mercado, planejando todos os processos da empresa desde as etapas de definição do problema até o lançamento do produto ou serviço. De forma análoga, todo pesquisador precisa definir e criar um projeto de pesquisa, além de planejar sua execução para trazer desenvolvimento social, econômico e cultural ao país.
2. Coordenar uma equipe
Ao longo da vida acadêmica, principalmente durante o doutorado, precisei orientar e direcionar alunos da gradução na iniciação científica, além de aconselhar os de mestrado na execução de seus projetos. Como empreendedora isso não é muito diferente, uma das minhas funções como diretoria executiva (CEO) é o gerenciamento da equipe, sobretudo nas áreas que não possuo domínio.
3. Definir um problema e propor uma solução
Durante o processo de desenvolvimento da ideia em produto, na SizeUP, aplicamos uma metodologia que possui semelhança com o método científico utilizado nas pesquisas acadêmicas. Primeiro levantamos um hipótese/problema a ser resolvido, depois fazemos uma busca de referências do que já foi publicado, o chamado levantamento bibliográfico (pesquisa de mercado), traçamos uma metodologia para resolver o problema (criamos uma solução) e realizamos experimentos para obtenção de resultados (protótipo e MVP). Por fim, fazemos uma conclusão baseada nos resultados obtidos e as pesquisas realizadas (validação da solução). Esse é uma visão bem resumida e simplificada, em breve farei um artigo mais detalhado sobre isso.
4. Divulgar a solução criada
Assim como todo pesquisador, que divulga seu árduo trabalho de pesquisa em forma de artigo em revistas científicas, o empreendedor precisa conversar com clientes e propagar sua empresa, produto ou serviço para as pessoas, ou seja, marketing. E uma das estratégias de divulgação é a produção de conteúdo, fazer com que seu público se identifique e se envolva com seu negócio.
Portanto, se você assim como eu está começando nesse mundo dos negócios, principalmente no ramo alimentício o qual somos apaixonados; no blog da SizeUP você encontrará além de artigos sobre empreendedorismo, um conteúdo bastante profundo sobre gestão de qualidade direcionado ao setor de alimentação. Não deixe de assinar nossa newsletter (coloque seu email no formulário abaixo) e não perca nenhuma novidade.
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